sexta-feira, 15 de julho de 2011

Deslocamentos populacionais


Fluxo migratório entre regiões diminui no Brasil, e Sudeste deixa de atrair pessoas de outros estados

 

RIO - A pesquisa "Deslocamentos Populacionais no Brasil", divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que o fluxo migratório no país vem diminuindo nos últimos 15 anos. O volume da migração inter-regional envolveu 2,8 milhões de pessoas de 1999 a 2004 contra dois milhões entre 2004 e 2009. Esse volume havia sido de 3,3 milhões de pessoas no quinquênio 1995-2000.


Outra conclusão do estudo é a perda de capacidade de atração populacional da região Sudeste, que apresentou saldo negativo de migrantes tanto em 2004 quanto em 2009. Já o Nordeste continua perdendo população, ainda que numa escala bem menor que no passado. Bahia e Maranhão continuam como regiões expulsoras de população.

Em 2004, quase 845 mil pessoas migraram para o Sudeste. Cinco anos depois, esse total diminui para pouco mais de 656 mil. Já com relação ao Nordeste, mais de 934 mil deixaram a região em 2004. Em 2009, o número caiu para 729 mil.

A hipótese para essa redução da migração é econômica. O Brasil, e o mundo de uma maneira geral, mudou muito desde a década de 1980. Com a globalização, mudou o mundo do trabalho. Com isso, as pessoas que migravam para os grandes centros urbanos em busca de trabalho, deixaram de migrar com o espraiamento das oportunidades, que hoje não estão mais concentradas na grandes regiões metropolitanas. Diante de novas oportunidades de melhoria de vida, até as pessoas que migraram em período anterior, acabam retornando para seus lugares de origem - explicou Antonio Tadeu de Oliveira, pesquisador da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE.

Os estados em que a migração de retorno foi mais expressiva em 2009 foram Rio Grande do Sul (23,98%), Paraná (23,44%), Minas Gerais (21,62%), Sergipe (21,52%), Pernambuco (23,61%), Paraíba (20,95%) e Rio Grande do Norte (21,14%).

Cidades com menos de 500 mil habitantes são as que mais crescem no Brasil
Outro ponto da pesquisa é que os grandes centros urbanos estão perdendo o status de principais destinos dos migrantes para as cidades médias brasileiras. Os municípios com menos de 500 mil habitantes são os que mais crescem no país. Entre as cidades com altas taxas de crescimento (elas correspondem a 8% do total), nenhuma possui mais de meio milhão de habitantes. Os dados permitiram ao instituto observar ainda que existe um movimento de retorno às regiões de origem. A análise leva em conta o período de 1995 a 2009.

Ao analisar a evolução do crescimento das cidades, o IBGE verificou que 27% delas - boa parte com até 10 mil habitantes - perderam população. Com isso, elas se tornaram espaços estagnados do ponto de vista do desenvolvimento. Outros 46% dos municípios têm crescimento nulo ou baixo (até 1,5% ao ano) e 19% cresceram entre 1,5% e 3% ao ano. Nesse último grupo estão incluídas 15 cidades de grande porte, sendo nove capitais (Brasília, Manaus, Goiânia, São Luís, Maceió, Teresina, Campo Grande, João Pessoa e Aracaju). Completam a lista seis municípios do interior (São José dos Campos, Ribeirão Preto, Uberlândia, Sorocaba, Feira de Santana e Joinville).

Fonte: O Globo

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